Dupla Homenagem


11 de dezembro – Dia do Arquiteto e 15 de dezembro - Centenário de Oscar Niemeyer


“Ele não faz de pedra nossas casas:
faz de asa...
...faz aterrizar uma tarde
uma nave estelar
e linda

como ainda há de ser a vida
(com seu traço futuro
Oscar nos ensina
que o sonho é popular)...
Nos ensina amar

Mesmo se lidamos
Com a matéria dura
O ferro o cimento a fome
Da humana arquitetura

Nos ensina a viver
No que ele transfigura
No açúcar da pedra
No sono do ovo

Na argila da aurora
Na alvura do novo
Na pluma da neve
Oscar nos ensina
Que a beleza é leve”.


Ferreirra Gullar, Poema Lição de Arquitetura (1976)


O arquiteto nasceu carioca em 1907. Formou-se engenheiro-arquiteto pela Escola Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro. Iniciou sua vida profissional como estagiário no escritório de Lúcio Costa. Em 1935, o projeto vencedor do concurso para o Ministério da Educação e Saúde no Rio, um edifício com ornamentação marajoara, não agradou o Ministro da Educação Gustavo Capanema, pois contrariava seu desejo de traduzir arquitetonicamente a ação ministerial voltada para o futuro e a renovação.



Uma equipe, com todos os arquitetos participantes do concurso foi criada para realização de um novo projeto, e dentre eles estava Lúcio Costa. Neste ambiente, Niemeyer pôde conhecer Le Corbusier, a estrela do modernismo mundial, ficando à sua disposição como desenhista. De acordo com o próprio Lúcio Costa, “o maior legado de Le Corbusier foi o próprio Niemeyer”. Oscar Niemeyer é o mais importante criador brasileiro vivo, reconhecido em todo o mundo; provavelmente uns dos únicos brasileiros que serão lembrados no século 30; o arquiteto que realizou o maior número de importantes projetos construídos na história da humanidade.



Afora estas tiradas midiáticas, mas que não deixam de ter sua dose de verdade, Niemeyer transformou em coisa corriqueira o fato de projetar obras importantes. Com soluções totalmente inesperadas, propostas estruturais fora de qualquer compêndio e uso de materiais simples, ele cria espaços comoventemente democráticos. Niemeyer praticamente banalizou o significado de "obra importante de arquitetura", pois quase anualmente produz (e vê construída) uma delas que, para qualquer arquiteto, seria o "projeto da vida".


Trabalhador inveterado, sempre com jornadas de 12 horas, inclusive aos sábados e domingos, na época de Brasília chegou a se mudar para um escritório de canteiro de obra, como funcionário da Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil). Em inúmeras ocasiões, abriu mão de receber honorários, por motivos éticos, ou se as amizades falassem mais alto. Apesar de sua produção monumental, sempre teve vida comedida e trabalha até hoje para viver. Jamais deixou de ter posições políticas claras.


Militante convicto do Partido Comunista, só nos últimos tempos abandonou a posição partidária, sem que isso amenizasse seu protesto contra a desigualdade social existente no mundo. Durante os 100 anos de vida, Oscar Niemeyer realizou obras como o conjunto da Pampulha (1942) - projeto pioneiro de novas faces da arquitetura no mundo - o primeiro projeto de sua total responsabilidade e pioneiro das novas faces da arquitetura que se implantavam no mundo, o Edifício Copan, o conjunto do Parque Ibirapuera e a criação de Brasília (ele trabalhou no plano piloto com a equipe de Lucio Costa) em 1960, o maior desafio imaginado por um arquiteto: inventar a nova capital de um país.


Quando ficou difícil trabalhar no Brasil, durante a ditadura militar, a Europa o recebeu de braços abertos. Neste período, Niemeyer produziu obras que o tornaram ainda mais conhecido no mundo. Após sua volta (1974), com os preconceitos políticos diminuindo aos poucos devido à redemocratização, Niemeyer continuou a criar espaços de rara inventividade, por todo o país. Setenta anos de vida profissional, com muita clareza de onde e como focar o trabalho, muita rapidez nas ações, incansável no enfrentamento de desenhos e textos.


Mesmo num país subdesenvolvido e atuando nesta área difícil e cara que é a arquitetura, Niemeyer, com sua ousadia infinita, sempre soube até onde se pode chegar e muitas vezes chegou até onde ninguém tinha chegado antes. Niemeyer é o nosso arquiteto, de todos nós, brasileiros, isso se deve, sem dúvida a seu sentido enorme de solidariedade, inseparável da obra que ele construiu.


O Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) decidiu nesta quinta-feira tombar 23 monumentos de Brasília, selecionados pelo próprio Oscar Niemeyer entre as suas obras da capital. Segundo o Iphan, a reunião também declarou o tombamento provisório de mais obras, a serem anunciadas ainda pelo órgão. Além destas obras, a Casa das Canoas, no Rio de Janeiro, também entrou na lista de preservação. Niemeyer morou cerca de 12 anos nessa casa por ele projetada na floresta da Tijuca.


Os tombamentos fazem parte das homenagens ao arquiteto, que completa 100 anos no dia 15 de dezembro. Também conselho tombou uma área no centro histórico de João Pessoa (PB). Além de 59 casas e dois núcleos históricos que se estendem por mais de 30 municípios catarinenses em região de imigração polonesa, alemã, italiana e ucraniana em Santa Catarina.


Galeria de fotos:


Denise BC
11/12/2007

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