Estamos no inverno, embora nem sempre os dias e noites sejam assim tão frios devido às mudanças climáticas que já dão sinais que as estações estão se modificando a cada ano. Com o frio, chega àquela vontade de consumirmos bebidas e comidas mais quentes, e não dá para dispensar um delicioso “queijos e vinhos”.
Mas o que fazer com as rolhas dessa bebida maravilhosa? Vocês jogam fora? Sabem o tempo que um sombreiro leva para ser descortiçado? Então... vamos lá.
A cortiça é a casca do sobreiro, uma árvore cujo habitat natural é a bacia Ocidental do Mediterrâneo. Portugal, com725 mil hectares, 30% da área total produz metade da cortiça no mundo. O mercado de cortiça que vai desde a rolha para o vinho até ao revestimento isolante de um estúdio de gravação. A floresta da cortiça encontrou em Portugal o clima e o solo ideal para viver. Material ecológico por excelência, a cortiça é utilizada na sua quase totalidade, deixando poucos desperdícios. Um sobreiro pode viver até aos 200 anos.
Por lei o primeiro descortiçamento das árvores jovens só pode ser realizado quando o perímetro do tronco tiver
As rolhas de cortiça permitem a conservação de bebidas em garrafas, nas condições absolutamente ideais, do vinho do Porto ao Champanhe, dos vinhos de mesa ao whisky, ao sherry, ao brandy e a muitos outros, assegurando a qualidade e personalidade dessas bebidas.
O uso da cortiça na preservação dos vinhos é certamente a mais conhecida aplicação sendo ainda hoje a sua utilização mais nobre. Já na Roma Antiga a Cortiça era utilizada para vedar Ânforas contendo vinho, mas só nos finais do séc.XVII, em França, as rolhas de cortiça começaram a ser usadas no engarrafamento do champanhe.
A cortiça é natural, leve, imputrescível, impermeável a líquidos e gases, flexível, resistente, com grande estabilidade dimensional, isolante térmico e acústico, a cortiça tem um inesgotável potencial de aplicações. A sua qualidade, durabilidade e fácil reciclagem tornam-na amiga do ambiente.
As rolhas de cortiça recicladas nunca são utilizadas para produzir novas rolhas, mas têm muitas outras aplicações, que vão desde a indústria automóvel, à construção civil ou aeroespacial.
Há, pois, que defender a rolha de cortiça como produto que garantiu e deverá continuar a garantir a manutenção dos sobreiros, um dos ecossistemas mais ricos em biodiversidade do continente europeu e que se estima absorver, por ano, 4,8 milhões de toneladas de CO2, um dos principais gases causadores do efeito estufa e do conseqüente aquecimento global. Como a cortiça é a própria casca da árvore, também retém CO2 e ao ser reciclada, evitam-se emissões deste gás para a atmosfera, contrariamente ao que acontece quando se decompõe ou é incinerada.
Por que reciclar rolhas de cortiça?
A rolha de cortiça faz parte da embalagem do vinho e tal como noutras embalagens em que as tampas ou vedantes são reciclados, a rolha de cortiça também deve ser. Sem esta reciclagem a rolha de cortiça não se pode defender a rolha de cortiça como um produto ecológico. Defendendo a rolha de cortiça estamos também a defender o montado de sobro e a biodiversidade que lhe é associada.
A matéria-prima cortiça, como produto natural (que necessita de um tempo longo de crescimento) é limitada, pelo que o seu reaproveitamento não diminui a utilização da cortiça que sai das árvores, mas permite a sua utilização em outros produtos. Não serão feitas novas rolhas a partir das usadas, as rolhas serão materia-prima para a produção de outros materiais como isolamentos de construção que substituem e se tornam mais competitivos em relação aos seus equivalentes sintéticos menos amigos do ambiente.
A reciclagem ajudará o ambiente de 3 formas:
1 - redução de resíduos
2 - defesa da rolha de cortiça como produto plenamente ecológico e conseqüente defesa do montado
3 – plantação de novas árvores (espécies mediterrânicas).
Então, já sabem como agir com as rolhas de cortiça? Separe-as do restante dos descartes domésticos para que possam ser aproveitadas para a reciclagem e saboreie seu vinho sem culpa.